segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Tenho muitos gostos, e desgosto ehehe...mas primo pela boa e original poesia e entre tantos lembro sempre infinitamente de SYLVIA PLATH QUE experimentou dos sentido e da emoção - por sua próprias palavras "penso que a minha poesia seja fruto da experiência de meus sentidos e das minha emoção,mas devo dizer que não posso ter simpatia por aquele 'grito do coração'(...).Creio que se deva saber controlar as experiências, até as mais terríveis, como a loucura, a tortura(...).e se deva saber manipular com uma mente lúcida que lhe dê forma(..)" - Então para abrir meu blog escolhi esse poema abaixo:

ESPELHO
Sou prateado e exato. Não tenho preconceitos.
Tudo o que vejo engulo no mesmo momento
Do jeito que é, sem manchas de amor ou desprezo.
Não sou cruel, apenas verdadeiro.
O olho de um pequeno deus, com quatro cantos.
O tempo todo medito do outro lado da parede.
Cor-de-rosa, malhada. Há tanto tempo olho para ele
Que acho que faz parte do meu coração. Mas ele falha.
Escuridão e faces nos separam mais e mais.

Sou um lago, agora. Uma mulher se debruça sobre mim,
Buscando em minhas margens sua imagem verdadeira.
Então olha aquelas mentirosas, as velas ou a lua.
Vejo suas costas, e a reflito fielmente.
Me retribui com lágrimas e acenos.
Sou importante para ela. Ela vai e vem.
A cada manhã seu rosto repõe a escuridão
Ela afogou uma menina em mim, e em mim uma velha
Emerge em sua direção, dia a dia, como um peixe terrível.
-poemas - SYLVIA PLATH - ed.Iluminuras/1994.

Nenhum comentário: