sexta-feira, 17 de agosto de 2012


meu cérebro é a ç o   fora disso algodão doce e   b o l h a s  de sabão
minhas m ã o s  formigam a noite de dia contornam afazeres dizeres de  conteúdos e nudez artificial
minhas  p e r n a s  doem se doam ao passar 
da n o i t e  para o d i a
meus olhos pensam minhas mãos lutam com pernas e cérebro
 c o n t a g i a d o s    pelo t e m p o.

Lorena Miranda

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

sinistro:
meu
co
ra
ção

pegando

f o g o.

terça-feira, 27 de julho de 2010


PARA quem quiser conhecer melhor meu livro de poesias 'IDIOSSINCRASIAS' lançado em 2003, manda e-mail: mirandalor@gmail.com, tenho exemplares à venda decididamente bem barato acompanhado com marcador de página, veja foto:


AMANHECER

Ás cinco da manhã

perdi o sono

perdi o medo também

e acho que perdi você.

Ás seis da manhã

eu apenas fazia versos

olhava ao redor

e não tinha muito

do que me proteger.

Vou acordar meu café

tomar ao vento

que sopra o dia

dessa noite

que me esqueceu.

Lorena Miranda

terça-feira, 20 de julho de 2010


Q

U

A

SE

fui esquecendo

esperando

sussurando

coisas

que

ainda

não

ouvi.


Lorena Miranda

domingo, 20 de junho de 2010

'LORD BYRON'

"Há nas matas cerradas um prazer,


Há nas encostas solitárias um arrebatamento,


Há uma sociedade, onde ninguém pode intrometer,


Pelo mar profundo, e música em seu lamento:


Eu não amo menos ao homem, mas a Natureza mais,


Dessa nossas entrevistas, nas quais capturo,


De tudo que eu possa ter, ou tenha sido tempos atrás,


Para me misturar ao Universo, e sentir puro,


o que nunca posso expressar, ainda que não possa esconder"


-Lord Byron - (1788-1824) poeta britânico-

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

o retorno



EU retorno renovo reciclo relembro resurjo reinvento


-e nesse caminho mudei como mudam as plantas nas estações; conheci novos saberes novos olhares novas músicas novos sonhos e descobri ela: beth ditto, a vocalista da banda THE GOSSIP:O avanço da canção da banda "Standing in the Way of Control", foi escrita por Ditto como uma resposta à sua decisão do governo de negar direitos de casamento de casais LGBT. [2]
Beth Ditto é uma das mais improváveis poster girls do momento. Dotada de um vozeirão soul, a líder dos The Gossip não corresponde ao padrão de beleza atual, ou por outra, suplanta-o em algumas dezenas de quilogramas, mas seu talento e ousadia de uma performace única: ei-la ao lado



Abaixo segue: STANDIG IN THE WAY OF CONTROL traduzida: só para fãs.


Standing In The Way Of Control
Ficando no Caminho do Controle
Your back's against the wall
Suas costas estão contra a parede
There's no-one home to call
Não há ninguém em casa para chamar
You're forgetting who you are
Você está esquecendo quem você é
You can't stop crying
Você não pode parar de chorar
It's part not giving in
É que em parte não
And part trusting your friends
E parte confiando em seus amigos
You do it all again
Você faz tudo novamente
And I'm not lying
E eu não estou mentindo
Oh oh oh oh ohh Oh ohh
Oh oh oh oh ohh Oh ohh
Oh ohh Oh oh oh oh ohh Oh ohh
Oh ohh Oh oh oh oh ohh Oh ohh
Standing in the way of control
Ficando no caminho do controle
You live your life
Você vive a sua vida
Survive the only way that you know, know
Sobrevivendo da única forma que você conhece, conhece
I'm doing this for you
Estou fazendo isso por você
Because it's easier to lose
Porque é mais fácil perder
And it's hard to face the truth
E é difícil de encarar a verdade
When you think you're dying
Quando você pensa que está morrendo
It's part not giving in
É que em parte não
And part trusting your friends
E parte confiando em seus amigos
You do it all again
Você faz tudo novamente
But you don't stop trying
Mas você não pode parar de tentar
Oh oh oh oh ohh Oh ohh
Oh oh oh oh ohh Oh ohh
Oh ohh Oh oh oh oh ohh Oh ohh
Oh ohh Oh oh oh oh ohh Oh ohh
Standing in the way of control
Ficando no caminho do controle
You live your life
Você vive a sua vida
Survive the only way that you know, know
Sobrevivendo da única forma que você conhece, conhece
Oh ohh Oh oh oh oh ohh Oh ohh
Oh ohh Oh oh oh oh ohh Oh ohh
Oh ohh Oh oh oh oh ohh Oh ohh
Oh ohh Oh oh oh oh ohh Oh ohh
Standing in the way of control
Ficando no caminho do controle
We live our lives
Nós vivemos nossas vidas
Because we're standing in the way of control
Porque nós estamos no caminho do controle
We'll live our lives
Nós viveremos nossas vidas
Because we're standing in the way of control
Porque nós estamos no caminho do controle
We'll live our lives
Nós viveremos nossas vidas
Because we're standing in the way of control
Porque nós estamos no caminho do controle
We'll live our lives
Nós viveremos nossas vidas
Oh ohh Oh oh oh oh ohh Oh ohh, yeah
Oh ohh Oh oh oh oh ohh Oh ohh, yeah
Your back's against the wall
Suas costas estão contra a parede
There's no-one home to call
Não há ninguém em casa para chamar
You're forgetting who you are
Você está esquecendo quem você é
You can't stop crying
Você não pode parar de chorar
It's part not giving in
É que em parte não
And part trusting your friends
E parte confiando em seus amigos
You do it all again
Você faz tudo novamente
You don't stop trying
Você não para de tentar
Oh oh oh oh ohh Oh ohh
Oh oh oh oh ohh Oh ohh
Oh ohh Oh oh oh oh ohh Oh ohh
Oh ohh Oh oh oh oh ohh Oh ohh
Standing in the way of control
Ficando no caminho do controle
You live your life
Você vive a sua vida
Survive the only way that you know, know
Sobrevivendo da única forma que você conhece, conhece

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Meu mundo cão

Fico me perguntando porque amo tanto minhas duas pincher...acho que por que com elas tudo é mais fácil, quero dizer com isso: que dou o meu amor e recebo o amor delas, sem exigencias pois aceito-as na condição delas e elas, com seus olhinhos saltados me amam com todos os meus defeitos...difícil achar isso entre os humanos, pois entre nossas relações estamos sempre esperando algo do outro...sempre a espera do que o "outro" nunca vai nos dar...a 'penelope' de três anos, filha da 'luluzinha' de sete anos, irmã do 'thor' também de três anos, são as criaturinhas mais lindas do mundo, eu sou declaradamente apaixonada por elas...são minhas parceiras de anos de estrada, e não as amo porque são de raça, coincidentemente são de raça, mas se fossem umas vira-latas iria ama-las do mesmo jeito; amo-as pelo fato de'u amar os animais e respeitar sua condição...e ultimamente ando preferindo conviver mais com elas do que com os humanos.

"Acho que poderia voltar e viver com os animais,
Eles são tão plácidos e auto-suficientes.
Fico aqui só alhando para eles, horas e horas.
Eles não ficam se preocupando e lamentando a própria condição,

Não ficam acordados deitados no escuro chorando pelos próprios pecados
Não me causam enjôo discutindo seus deveres para com Deus,
Nenhum está insatisfeito, nenhum está ensandecido com a mania de possuir coisas,
Nenhum fica de joelhos diante de outro, nem de um da mesma espécie que viveu há milhares de anos,
Nenhum é respeitável ou infeliz sobre toda a terra".

- Walt Whitman - citado no livro “O Budismo não é o que você pensa”, Steve Hagen, p. 208 -

domingo, 6 de janeiro de 2008

"...O CORPO DE UM POEMA"


"Olho muito tempo o corpo de um poema

até perder de vista o que não seja corpo

e sentir separado dentre os dentes

um filete de sangue

nas gengivas"

Ana Cristina Cruz César, nasceu no Rio de Janeiro em 2 de junho de 1952. Por gostar muito de artes e de escrever ja em 1959, teve as primeiras poesias publicadas no “Suplemento Literário” da “Tribuna da Imprensa”. Foi Licenciada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, em 1975, obtendo o grau de Mestre em Comunicação, pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1979 e Master of Arts in Theory and Practice of Literary Translation, pela Essex University, na Inglaterra em 1980. Além de suas inumeráveis poesias e cartas, escreveu para diversos jornais e revistas e traduziu diversos autores estrangeiros. Entre esses autores, inclui-se a poetisa americana, Sylvia Plath, que da mesma forma que Ana César faria mais tarde, colocou um fim à sua própria vida. Ana C.(como também era conhecida) suicidou-se em 29 de outubro de 1983 ; pela sua juventude e beleza, pelo conteúdo e forma de sua obra, pela interrupção brusca de sua vida e do seu talento, tornou-se um símbolo e um ícone lembrada até hoje.

Tendo em vista as circunstâncias de sua morte e o fato de Ana César ter deixado uma série de documentos, tais como cartas, poesia, diários, traduções, desenhos e testemunhos, seus livros foram reagrupados e republicados, bem como foram também publicados outros documentos inéditos.


PROTUBERÂNCIA

Este sorriso que muitos chamam de boca

É antes um chafariz, uma coisa louca

Sou amativa antes de tudo

Embora o mundo me condene

Devo falar em nariz (as pontas rimam por dentro)

Se nos determos amanhã

Pelo menos não haverá necessidades

frugais nos espreitando

Quem me emprestar seu peito na madrugada

E me consolar, talvez tal-vez me ensine

um assobio

Não sei se me querem, escondo-me sem impasses

E repitamos a amadora sou

Armadora decerto atrás das portas

Não abro para ninguém, e se a pena é

lépida, nada nem detém

é sem dúvida inútil o chuvisco de meus olhos

O círculo se abre em circunferências

concêntricas que se fecham sobre si mesmas

No ano 2001 terei 49anos e serei uma rainha

Rainha de quem, quê, não importa

E se eu morrer antes disso

Não verei a lua mais de perto

Talvez me irrite pisar no impisável

E a morte deve ser muito mais gostosa

Recheada com marchemélou

Uma lâmpada queimada me contempla

Eu dentro do templo chuto o tempo

Uma palavra me delineia

VORAZ

E em breve a sombra se dilui,

Se perde o anjo.


FAGULHA

Abri curiosa o céu.

o céu

Assim, afastando de leve as cortinas.


Eu queria entrar,

coração ante coração,

inteiriça

ou pelo menos mover-me um pouco,

com aquela parcimônia que caracterizava

as agitações me chamando.


Eu queria até mesmo

saber ver,

e num movimento redondo

como as ondas

que me circundavam,

invisíveis,abraçar com as retinas

cada pedacinho de matéria viva.


Eu queria

(só)

perceber o invislumbrável

no levíssimo que sobrevoava.

Eu queria

apanhar uma braçada

do infinito em luz que a mim se misturava.


Eu queria

captar o impercebido

nos momentos mínimos do espaço

nu e cheio.


Eu queria

ao menos manter descerradas as cortinas

na impossibilidade de tangê-las.


Eu não sabia

que virar pelo avesso

era uma experiência mortal.

-ANA CRISTINA CÉSAR-

domingo, 30 de dezembro de 2007

PATTI SMITH, "o rei lagarto"

Patti Smith nasceu em 1946, é poetisa, cantora e música norte-americana. Ela tornou-se conhecida durante o movimento punk com o álbum de estréia "Hourses" em 1975. Conhecida como "poetisa do punk", ela trouxe um lado feminista e intelectual á música punk e tornou-se uma das mulheres mais influentes do rock and roll.
Alguns anos atras ganhei de uma amiga um livro de poesia de Patti Smith chamado 'WITT', quando lançei meu segundo livro de poesia chamado "idiossincrásias" sempre recorri ao trabalho dela por considerar "absurdamente fantástico" e que certamente influenciou meus textos. Abaixo registro na íntrega um de seus trabalhos poético.
"nascida para ser. nascida para ser eu. apenas os óculos escuros exactos.
o poder de imagem. trata a córnea como uma jóia.
safira seurat cintila. deixa a visão penetrar. luz de flash invertida.
e apagada.

reduzida a zero antes que seja tarde. pára-quedas.
como o berber nómada. então não acampes por aqui mais tempo.
nem um sinal. instamatic travesti.
o olho esfomeado.

movimento contínuo. via fiat. a pé. a grande clube
canal caminhado. no congo. chama rimbaud. testemunha
o alvo irritado de pássaros loucos. esmaga os seu
elmos micro-azuis. cobalto metabólico.

pinta o meu cavalete sem tela em estilo matisse. um truque estilístico.
um retrato respirante. leopardo sagrado. deixar cair a minha pele-de-gato

é preciso correr. deslizo à superfície. patinagem sobre gelo.

barrete. talvez o céu. pássaro-alvo. se for
o verdadeiro dossel. constrói o grande trampolim.
tentarei o estrondo.

bong. pode ser feito. fómula olímpica?
linguagem a la McClure, o balanço intrincado de Belmondo.
a confusa graça de buster Keaton. o movimento óptico de anna karina
uma rodilha de seda. estrela polar. nunca se dever perder um oportunidade.

dispara essa arma de compasso de febre.
um risco é apenas um risco."

-patti smith- "witt" - 1978

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Fiz uma 'ponte' com a "dupla dinâmica"


Olha essa dupla - me perdoem os mais exigentes, mas eu adorava 'batman e robin' - e nós não somos meio que assim na vida: sempre 'defensores', hora da corrupção, dos medos, das falácias, dos engodos políticos, dos traumas...isso da uma poesia:
curtas e boas
somos fadados
a fados
cantados
em solo errado
mera displicência
também somos
de carne crua
hora atirados nas ruas
indefesos
presos
sob o olhar de quem
não tem apresso

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

"A ASA ESQUERDA DO ANJO"

Lembro como emocionava-me com as leituras feitas ainda na adolescencia, de LYA LUFT - "A asa esquerda do anjo" foi algo assim quase que como uma 'catarse' para uma menina que sonhava com relações perfeitas e intermináveis - quanto 'aquilo' me fez efeito que li quatro vezes, e a cada leitura sempre com a mesma emoção; claro não posso deixar de citar: "Quarto fechado", "Reunião de família", "O exílio", "Perdas e danos" (me perdoem se não estiverem na ordem) - Lya Luft, sua sensibilidade em relatar "as nuances" da mulher, da mãe,da solteira, da velha, da menina - eu admiro-a por demais, é uma de minhas escritoras (gaúchas) prediletas - por favor apreciem essa:

CANÇÃO NA PLENITUDE
Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)

O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
buscar te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força - que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés - mesmo se fogem - retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.

(trecho do livro "Secreta Mirada",LYA LUFT, Editora Mandarim - São Paulo,1997,pág.151).

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

FANTASMAS - de Anne Sexton


Lendo Sylvia Plasth, inevitavelmente acabei conhecendo os "delírios poéticos" de Anne Sexton (contemporânea de Sylvia) e não poderia deixar de transcrever seu trabalho. Sim tenho atração por escritoras suícidas...rsrsrsr
Anne Sexton (Anne Gray Harvey) nasceu em Newton, Massachusetts, em 1928. Começou a escrever poesia numa escola em Lowell, para onde foi enviada em 1945. Em 1953, foi mãe pela primeira vez. Em 1955, depois do segundo filho, iniciou um tratamento para a sua depressão, que vinha se agravando nos últimos anos. Tentou suicidar-se algumas vezes. Em 1967, recebeu o prêmio Pulitzer pelo livro Live or Die (1966). A sua popularidade e reconhecimento foram crescendo ao longo dos anos, como poeta e como dramaturga. Em 1973, depois do divórcio, aumentaram os problemas de solidão, alcoolismo e depressão. Suicidou-se em outubro de 1974, asfixiando-se com monóxido de carbono na sua garagem.

Fantasmas
Alguns fantasmas são mulheres, nem abstratas nem pálidas,
seus peitos tão flácidos como peixes mortos.
Não bruxas, mas fantasmas que vêm,
balançando seus braços inúteis como empregados descartados.

Nem todos os fantasmas são mulheres,
tenho visto outros; homens gordos de brancas barrigas,
desgastando seus genitais como trapos.
Não demônios, mas fantasmas.
Na batida do pé descalço, arrastando-se sobre minha cama.

Porém isso não é tudo.
Alguns fantasmas são crianças.
Não anjos, mas fantasmas;
ondulando como xícaras rosadas
em qualquer almofada, ou esperneando
mostrando seus traseiros inocentes,
lamentando para Lúcifer.
Tradução Priscila Manhães - edita o blog ÍNTIMA LOUCURA
Foto: 'Equivalência Femininas' por Filip Naugts

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

'quando NIETZSCHE chorou'

Aos vinte poucos anos lia NIETZSCHE como quem "lambe" um delicioso sorvete, deliciava-me com sua poesia(porque ele também foi capaz de ousar em cria-las) pois acredito que para termos um bom entendimento de livros filosóficos, como agora nesse momento de minha vida, devemos antes apreciar, devorar,exercitar uma boa poesia - porque ela nos eleva o espírito...abaixo segue duas poesias que escolhi do criador de "Zaratustra" - e não será o 'homem' um 'super-homem quando' 'permite-se' ousar, seja no que for???!!!

MINHAS ROSAS
Sim! Minha ventura quer dar felicidade;
não é isso que almeja toda ventura?
Desejais colher minhas rosas?
Abaixai-vos, ocultai-vos,
entre rochas e espinheiros,
sugai muitas vezes os dedos.
Posto que minha ventura é maligna,
porque minha ventura é pérfida.
Queres apanhar minhas rosas?

INTREPIDEZ
Onde estiverdes, cava fundo,
a fonte fica embaixo.
Os homens sombrios que gritem:
"Embaixo sempre fica o inferno".
Nietzsche - A Gaia Ciência - Ediouro -edição 1991

"criaturas minhas" de Célia Maria Maciel

Poesia para quem aprecia: destaco então 'Célia Maria Maciel'

"Tenho dó de quem me ama porque
em mim ama a tristeza cansaço isolamento.
Ama a cegueira quase breve a réstia menino
que foge correndo sobre a relva.

E eu só posso dar a quem me ama
essa estrela do tamanho de um bonde
que ontem os cientistas descobriram
essa estrela-diamante -
quer dizer - eu só posso dar o
brilho da poesia ainda nova e distante."
'CRIATURAS MINHAS' -Célia Maria Maciel. WS editor.Porto Alegre.1999

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Tenho muitos gostos, e desgosto ehehe...mas primo pela boa e original poesia e entre tantos lembro sempre infinitamente de SYLVIA PLATH QUE experimentou dos sentido e da emoção - por sua próprias palavras "penso que a minha poesia seja fruto da experiência de meus sentidos e das minha emoção,mas devo dizer que não posso ter simpatia por aquele 'grito do coração'(...).Creio que se deva saber controlar as experiências, até as mais terríveis, como a loucura, a tortura(...).e se deva saber manipular com uma mente lúcida que lhe dê forma(..)" - Então para abrir meu blog escolhi esse poema abaixo:

ESPELHO
Sou prateado e exato. Não tenho preconceitos.
Tudo o que vejo engulo no mesmo momento
Do jeito que é, sem manchas de amor ou desprezo.
Não sou cruel, apenas verdadeiro.
O olho de um pequeno deus, com quatro cantos.
O tempo todo medito do outro lado da parede.
Cor-de-rosa, malhada. Há tanto tempo olho para ele
Que acho que faz parte do meu coração. Mas ele falha.
Escuridão e faces nos separam mais e mais.

Sou um lago, agora. Uma mulher se debruça sobre mim,
Buscando em minhas margens sua imagem verdadeira.
Então olha aquelas mentirosas, as velas ou a lua.
Vejo suas costas, e a reflito fielmente.
Me retribui com lágrimas e acenos.
Sou importante para ela. Ela vai e vem.
A cada manhã seu rosto repõe a escuridão
Ela afogou uma menina em mim, e em mim uma velha
Emerge em sua direção, dia a dia, como um peixe terrível.
-poemas - SYLVIA PLATH - ed.Iluminuras/1994.