quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

FANTASMAS - de Anne Sexton


Lendo Sylvia Plasth, inevitavelmente acabei conhecendo os "delírios poéticos" de Anne Sexton (contemporânea de Sylvia) e não poderia deixar de transcrever seu trabalho. Sim tenho atração por escritoras suícidas...rsrsrsr
Anne Sexton (Anne Gray Harvey) nasceu em Newton, Massachusetts, em 1928. Começou a escrever poesia numa escola em Lowell, para onde foi enviada em 1945. Em 1953, foi mãe pela primeira vez. Em 1955, depois do segundo filho, iniciou um tratamento para a sua depressão, que vinha se agravando nos últimos anos. Tentou suicidar-se algumas vezes. Em 1967, recebeu o prêmio Pulitzer pelo livro Live or Die (1966). A sua popularidade e reconhecimento foram crescendo ao longo dos anos, como poeta e como dramaturga. Em 1973, depois do divórcio, aumentaram os problemas de solidão, alcoolismo e depressão. Suicidou-se em outubro de 1974, asfixiando-se com monóxido de carbono na sua garagem.

Fantasmas
Alguns fantasmas são mulheres, nem abstratas nem pálidas,
seus peitos tão flácidos como peixes mortos.
Não bruxas, mas fantasmas que vêm,
balançando seus braços inúteis como empregados descartados.

Nem todos os fantasmas são mulheres,
tenho visto outros; homens gordos de brancas barrigas,
desgastando seus genitais como trapos.
Não demônios, mas fantasmas.
Na batida do pé descalço, arrastando-se sobre minha cama.

Porém isso não é tudo.
Alguns fantasmas são crianças.
Não anjos, mas fantasmas;
ondulando como xícaras rosadas
em qualquer almofada, ou esperneando
mostrando seus traseiros inocentes,
lamentando para Lúcifer.
Tradução Priscila Manhães - edita o blog ÍNTIMA LOUCURA
Foto: 'Equivalência Femininas' por Filip Naugts

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