Fico me perguntando porque amo tanto minhas duas pincher...acho que por que com elas tudo é mais fácil, quero dizer com isso: que dou o meu amor e recebo o amor delas, sem exigencias pois aceito-as na condição delas e elas, com seus olhinhos saltados me amam com todos os meus defeitos...difícil achar isso entre os humanos, pois entre nossas relações estamos sempre esperando algo do outro...sempre a espera do que o "outro" nunca vai nos dar...a 'penelope' de três anos, filha da 'luluzinha' de sete anos, irmã do 'thor' também de três anos, são as criaturinhas mais lindas do mundo, eu sou declaradamente apaixonada por elas...são minhas parceiras de anos de estrada, e não as amo porque são de raça, coincidentemente são de raça, mas se fossem umas vira-latas iria ama-las do mesmo jeito; amo-as pelo fato de'u amar os animais e respeitar sua condição...e ultimamente ando preferindo conviver mais com elas do que com os humanos.
"Acho que poderia voltar e viver com os animais,
Eles são tão plácidos e auto-suficientes.
Fico aqui só alhando para eles, horas e horas.
Eles não ficam se preocupando e lamentando a própria condição,
Não ficam acordados deitados no escuro chorando pelos próprios pecados
Não me causam enjôo discutindo seus deveres para com Deus,
Nenhum está insatisfeito, nenhum está ensandecido com a mania de possuir coisas,
Nenhum fica de joelhos diante de outro, nem de um da mesma espécie que viveu há milhares de anos,
Nenhum é respeitável ou infeliz sobre toda a terra".
- Walt Whitman - citado no livro “O Budismo não é o que você pensa”, Steve Hagen, p. 208 -
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
domingo, 6 de janeiro de 2008
"...O CORPO DE UM POEMA"

"Olho muito tempo o corpo de um poema
até perder de vista o que não seja corpo
e sentir separado dentre os dentes
um filete de sangue
nas gengivas"
Ana Cristina Cruz César, nasceu no Rio de Janeiro em 2 de junho de 1952. Por gostar muito de artes e de escrever ja em 1959, teve as primeiras poesias publicadas no “Suplemento Literário” da “Tribuna da Imprensa”. Foi Licenciada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, em 1975, obtendo o grau de Mestre em Comunicação, pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1979 e Master of Arts in Theory and Practice of Literary Translation, pela Essex University, na Inglaterra em 1980. Além de suas inumeráveis poesias e cartas, escreveu para diversos jornais e revistas e traduziu diversos autores estrangeiros. Entre esses autores, inclui-se a poetisa americana, Sylvia Plath, que da mesma forma que Ana César faria mais tarde, colocou um fim à sua própria vida. Ana C.(como também era conhecida) suicidou-se em 29 de outubro de 1983 ; pela sua juventude e beleza, pelo conteúdo e forma de sua obra, pela interrupção brusca de sua vida e do seu talento, tornou-se um símbolo e um ícone lembrada até hoje.
Tendo em vista as circunstâncias de sua morte e o fato de Ana César ter deixado uma série de documentos, tais como cartas, poesia, diários, traduções, desenhos e testemunhos, seus livros foram reagrupados e republicados, bem como foram também publicados outros documentos inéditos.
PROTUBERÂNCIA
Este sorriso que muitos chamam de boca
É antes um chafariz, uma coisa louca
Sou amativa antes de tudo
Embora o mundo me condene
Devo falar em nariz (as pontas rimam por dentro)
Se nos determos amanhã
Pelo menos não haverá necessidades
frugais nos espreitando
Quem me emprestar seu peito na madrugada
E me consolar, talvez tal-vez me ensine
um assobio
Não sei se me querem, escondo-me sem impasses
E repitamos a amadora sou
Armadora decerto atrás das portas
Não abro para ninguém, e se a pena é
lépida, nada nem detém
é sem dúvida inútil o chuvisco de meus olhos
O círculo se abre em circunferências
concêntricas que se fecham sobre si mesmas
No ano 2001 terei 49anos e serei uma rainha
Rainha de quem, quê, não importa
E se eu morrer antes disso
Não verei a lua mais de perto
Talvez me irrite pisar no impisável
E a morte deve ser muito mais gostosa
Recheada com marchemélou
Uma lâmpada queimada me contempla
Eu dentro do templo chuto o tempo
Uma palavra me delineia
VORAZ
E em breve a sombra se dilui,
Se perde o anjo.
FAGULHA
Abri curiosa o céu.
o céu
Assim, afastando de leve as cortinas.
Eu queria entrar,
coração ante coração,
inteiriça
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que caracterizava
as agitações me chamando.
Eu queria até mesmo
saber ver,
e num movimento redondo
como as ondas
que me circundavam,
invisíveis,abraçar com as retinas
cada pedacinho de matéria viva.
Eu queria
(só)
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.
Eu queria
apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.
Eu queria
captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço
nu e cheio.
Eu queria
ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las.
Eu não sabia
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.
-ANA CRISTINA CÉSAR-
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